domingo, 28 de junho de 2009

Sócrates: Um caso de estudo!?

O jornalista Filipe Santos Costa, no artigo "10 truques para ser um animal feroz no parlamento", do expresso deste de fim de semana, apresenta um trabalho fantástico sobre o comportamento do primeiro ministro na Assembleia da República...

"Sócrates mostrou-se sempre um osso duro de roer para a oposição. Umas vezes joga ao ataque - anunciando decisões, zurzindo a oposição -, Sócrates levava a cartilha bem estudada, recorrendo quase sempre aos mesmos truques e, muitas vezes, ás mesmas frases feitas. Do seu arsenal só nunca fez parte uma arma: a humildade."

"10 truques para ser um animal feroz no parlamento"

1. Anúncio de medidas do governo
"Quero comunicar ao Parlamento três decisões muito importantes".
"Esta táctica tem várias vantagens: o Parlamento é um bom palco e fazer anúncios ali permite ao PM respeito pelos representantes do povo..."

2. Ignorar perguntas e responder com palha
"O importante é não esquecer que..."
"Boa parte das perguntas da oposição fica sem resposta. O truque tornou-se tão flagrante que o... CDS mantém a contagem das perguntas que fez e que o PM ignorou (últimos dados: 176 perguntas, 26 respostas)"

3. Exigir à oposição que fale do que anunciou
"Ah, sobre isso não diz nada? Não acha importante?"
"Debate sim, debate não, é o governo que abre a sessão e escolhe o tema para a intervenção de Sócrates... Se anunciou novos subsídios, linhas de crédito ou outras medidas sociais ou económicas, o PM não perdoa o silêncio aos adversários, tentando passar a ideia de que se calam para não terem de elogiar o Governo."

4. "Pesada herança" da "Direita"
"Porque é que não fizeram quando estavam no Governo? Não se lembram?"
"Sócrates tem sempre na manga decisões, declarações, estatísticas e tudo o que sirva para invocar a "pesada herança" da "direita", sejam os números do défice, a guerra do Iraque ou qualquer despacho de um obscuro despacho de Estado. E tem a vantagem de os principais protagonistas à sua direita terem participado nesse governo."

5. Rotular os adversários
"O seu partido é um embuste político!"
"Há muito que Sócrates rotulou os partidos da oposição e não perde tempo com inovações: a rotulagem facilita a narrativa, a repetição ajuda a passar a mensagem."
"O PSD tem uma "agenda escondida" de "liberalismo radical"; o CDS faz "demagogia grossa e primária"; o PCP é "sectário" e conservador; o Bloco é de uma "demagogia irresponsável e barata"; o PEV é "um embuste politico", "verdes por fora mas vermelhos por dentro".

6. A ausência de alternativas
"Diga lá qualquer coisinha. Uma ideia que seja, sr. deputado"
"Não há debate em que Sócrates não acuse a oposição - e em particular o PSD, por ser o outro partido de governo- de não ter ideias para o país."

7. Virar as regras ao contrário "Tenho uma pergunta para si e o sr. deputado tem de responder"
As perguntas ao primeiro ministro no parlamento, na tradição servem para a oposição questionar o Governo, cumprindo o seu papel de fiscalização. Sócrates, no entanto, estabeleceu para si regras diferentes e considera que também a oposição tem o dever de responder às perguntas do PM."

8. Atirar com estatísticas
"Acham que qualquer dado que não lhes agrada é manipulação estatística?"
"Sócrates não poupa nos números e boa parte do seu tempo de intervenção é gasto a desfiá-los. Há sempre um número que responde a uma critica da oposição."

9. Passar a bola aos ministros
"Se não se importa, responde a essa pergunta o sr. ministro..."
"O regimento da Assembleia da República permite que o chefe do Governo delegue as respostas noutro membro do Governo, e Sócrates tem usado esse expediente sempre que necessário - quando são perguntas demasiado sectoriais ou quando o PM tem interesse em desvalorizar a questão."

10. O Animal Feroz
" Seja sério! O senhor quis falar do caso Freeport!"
"Sócrates acredita na máxima de que a melhor defesa é o ataque e nem pensa duas vezes antes de soltar o "animal feroz" que um dia disse ter em si..."

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