sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Em Portugal até lhe poderiamos chamar a 'Lei da Rolha'!

A "Lei de Jante",  “é uma lei escrita por Aksel Sandemose, um escritor meio dinamarquês, meio norueguês, do início do século XX, que resume a nossa maneira de ser. A primeira regra diz que não devemos pensar que somos especiais, a segunda diz que não devemos achar que somos melhores do que os outros, e mesmo que pensemos isso não devemos dizê-lo, e por aí fora. É por isso que as pessoas pensam que somos uma nação muito humilde, mas na verdade não somos, só que não podemos falar nisso.”

"A velha lei inventada num livro em que Sandemose descreve a vida na pequena aldeia dinamarquesa de Jante onde ninguém pode ser melhor do que o vizinho do lado."

"A Dinamarca sentiu a actual crise mais cedo do que Portugal. “Em dois anos, perdemos perto de 10 por cento do PIB”, diz Seidenfaden. “Ainda não nos recompusemos. Mas como caímos de muito alto a sociedade no seu conjunto não se sente profundamente mergulhada na crise.” O Estado vai ter de tomar algumas medidas “mas não são as medidas dramáticas que vemos em alguns países, onde se está a reduzir os ordenados aos funcionários públicos ou a cortar brutalmente grandes fatias do Estado social.”

O welfare state “é uma coisa boa numa crise”, afirma o norueguês Steinar Holden. “Mas há uma condição: é preciso ter dinheiro suficiente para o pagar.”

Seidenfaden, na Dinamarca, concorda: “Se estivermos dispostos a pagar impostos altos para sustentar um grande Estado social, isso dá-nos maior estabilidade porque se o sector privado colapsar subitamente, a economia não colapsa.

Se estivermos dispostos a financiá-lo, eu diria que ter um grande sector estatal não é uma desvantagem competitiva. As pessoas interrogam-se sobre se conseguiremos sustentar este modelo no futuro. Bem, já o temos há 50 anos e desde então temos estado sempre entre as cinco economias mais competitivas do mundo. Por isso, a ideia que algumas pessoas estão a tentar vender na Europa de que não se pode ser competitivo e ter impostos altos está simplesmente errada.” O segredo é apenas este: “Manter um bom nível de educação, continuar a fazer investigação” para ser competitivo mesmo com salários altos e impostos altos. Até agora, os nórdicos continuam dispostos a isso. Diz-se mesmo — como piada, mas que não deixa de ser verdadeira — que o partido que prometer baixar os impostos perde as eleições. E se há brechas no Estado social, são ainda muito tímidas — aqui e ali começam a surgir alguns serviços privatizados, mas mesmo estes continuam a ser subsidiados pelo Estado. E há mesmo quem se queixe de que haver mais possibilidades de escolha só torna a vida mais complicada. Essa está longe de ser a principal dor de cabeça para países como Portugal, Grécia, Irlanda ou Espanha. Arriscamos a pedir um conselho, mesmo sabendo que a Lei de Jante não permitirá a um nórdico colocar-se numa situação em que possa parecer estar a gabar-se de saber mais do que nós.

Steinar Holden, o economista norueguês, vai dizendo que não conhece profundamente a situação portuguesa e que até tem alguma simpatia pelo país porque Portugal foi vítima de alguns factores externos (cita a concorrência dos países do Leste e a nossa perda de competitividade).

Fala sobretudo da Grécia e da Irlanda (mas acaba por dizer que o mesmo se aplica a Portugal).
“Gastaram de mais há três anos, há cinco anos. Se se tem um défice quando a economia está boa, então vai-se ter um défice muito maior quando as coisas estiverem a correr mal. É como uma família: se num ano se ganha duas vezes mais do que se esperava e mesmo assim se gasta tudo, essa não é a melhor forma de fazer as coisas. Se se tem um bom ano, deve-se poupar alguma coisa.”

Holden sabe do que fala. E não existe nenhuma fórmula secreta. Afinal não é a Noruega o país que descobriu petróleo e que decidiu não gastar o dinheiro?

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