quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Portugueses exigem uma nova alteração ao tratado de Tordesilhas!

Dois meses passados, da assinatura do contrato de investimento de 50 milhões de euros, com uma comparticipação estatal de 20 milhões de euros, assinado entre o AICEP-Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, e a SAIP - Sociedade Alentejana de Investimentos e Participações, com a presença do ministro da Economia, Vieira da Silva; os Espanhóis proíbem barcos portugueses de navegarem nas águas de Alqueva.

Isto, depois de nos últimos certames da Bolsa de Turismo Lisboa e de na Feira Internacional de Turismo em Madrid, terem sido dedicado stands temáticos para promoverem as potencialidades da navegação entre as diferentes localidades espanholas e portuguesas que ladeiam o "grande lago" artificial composto pela albufeira de Alqueva.

1 Caixa do leitor:

Carlos Luna disse...

BARCOS PORTUGUESES PROIBIDOS DE NAVEGAR NO ALQUEVA "ESPANHOL"!!
(BRINCA-SE COM OS ACORDOS ASSINADOS)
A Questão das águas do Alqueva continua a ser referida muito superficialmente. Poucos
se dão ao trabalho de tentar saber que acordos luso-espanhóis sustentam direitos sobre o
novo lago e a sua exploração. Agora, Espanha, ou a Extremadura (espanhola), proíbem
navegações portuguesas na "sua" margem...
Na verdade, nesta questão parece dominar um só sentimento: o silêncio. E porquê?
Porque existe um acordo claro, que desde logo demonstra que nenhuma autoridade espanhola
pode proibir seja o que for no Alqueva. Foi assinado em 1968, e o Estado Português tem
tido a preocupação de dizer que o mesmo se mantém em vigor (em 2002, isso foi reafirmado).
O texto é claríssimo, e reproduzo-o aqui na sua versão espanhola: «Instrumento de
ratificación del Convenio y Protocolo adicional entre España y Portugal para regular el
uso y aprovechamiento hidráulico de los tramos internacionales de los
ríos Limia, Miño, Tajo, Guadiana y Chanza y sus afluentes, firmado en Madrid el 29 de
mayo de 1968./. Article III states: El aprovechamiento hidráulico de las siguientes zonas
de los tramos internacionales de los restantes ríos mencionados en el artículo primero
será distribuido entre España y
Portugal de la forma siguiente:[...]E) Se reserva a Portugal la utilización de todo el
tramo del río Guadiana entre los puntos de confluencia de éste con los ríos Caya y
Cuncos, incluyendo los correspondientes desniveles de los afluentes en el tramo.»
Não é segredo sequer por que razão a Espanha cedeu a considerar as duas margens do
Guadiana como portuguesas. Tudo "gira" em torno da Questão de Olivença, queira-se
ignorar, ou não, este facto. Madrid tentava evitar que a polémica de Olivença chegasse à
O.N.U., numa altura em que reclmava a descolonização de Gibraltar.
O próprio Direito Português consagra tal situação. O Dicionário jurídico da
Administração Pública, de 1999, diz textualmente:«(...) Existem, por conseguinte, três
troços da fronteira terrestre luso-espanhola a considerar: o primeiro, que vai do Rio
Minho à confluência do Caia com o Guadiana, definido pelo Tratado de 1864; o segundo, que
vai do Rio Cuncos até à Foz do Guadiana, definido pelo convénio de 1926; e o TERCEIRO,
CONSTITUÍDO PELA PARTE DA FRONTEIRA QUE VAI DA CONFLUÊNCIA DO CAIA COM O GUADIANA ATÉ AO
RIO CUNCOS, que se ACHA POR DEFINIR POR ACORDO COM ESPANHA em virtude DA QUESTÃO DE
OLIVENÇA.;(...) A razão desta delimitação proveio do facto do troço de fronteira ao sul
do Caia até ao Rio Cuncos, correspondendo à região de Olivença,nunca ter sido
reconhecida por Portugal que, desde 1815, contestou a posse de Olivença pela Espanha.
(...)».
Não é possível pensar que o Estado espanhol desconheça o que assinou e o que Lisboa
lhe tem transmitido ao longo dos últimos duzentos anos. Talvez as autoridades locais
pensem que o Estado português, que tão acefalamente, por vezes, tem ligado as suas
decisões aos interesses de Madrid, confundindo amizade (legítima e desejável) com
subserviência (o que não é nunca respeitado... muito menos pelos beneficiários...),
resolva abdicar de princípios e calar-se perante tal abuso.
Cabe agora a palavra a Lisboa!!!
Estremoz, 22-Fevereiro-2010
Carlos Eduardo da Cruz Luna