sexta-feira, 18 de junho de 2010

Agulhadas

O 'dedopolitico' conheceu recentemente o testemunho de uma costureira de profissão (igual a tantas outras do vale do ave) que lhe disse:

"Sem falar das alturas em que, quando havia um défice de encomendas na fábrica, o 'meu' patrão obrigava-me a ir sulfatar as vinhas da sua quinta; houve meses em que quase que tive de pagar para poder trabalhar! "

"Antigamente, na 'minha' fábrica, quando partia uma agulha da máquina de costura, tinha de me dirigir ao patrão e entrega-la, para poder receber uma nova; quando ao 'pregar mangas' se dava o caso de, por algum motivo, coser mal uma peça, tinha obrigatoriamente que colocar, no defeito, uma etiqueta com o meu nome!"

Tudo isto era feito, ou mandado fazer pelo 'meu' patrão, não para poder controlar o stock das peças, ou dos consumíveis, mas com o intuito de, no final do mês, me retirar do vencimento o suposto prejuízo causado.

A ver pelos dias que correm, os pesadelos do passado voltarão para tomar conta dos meus sonhos, recentemente concretizados!"

3 Caixa do leitor:

Teresa Fidalgo disse...

Dedo Político,

... e o antigamente transporta-se para hoje...


É o que querem os partidos de direita para dominarem sem escrúpulos aqueles que lhes dão o dinheiro a ganhar...

dedo politico disse...

Teresa,

Recentemente o secretário-geral da UGT dizia: “Para criar empregos é preciso haver empresas e empresários que sejam capazes de criar empresas competitivas”.

E o certo é, que neste momento de crise, em vez de se ouvir as confederações patronais manifestarem-se contra a falta de produtividade ou da falta de políticas que sustentem esta competitividade, só os vemos com vontade de ‘castrar’ os direitos daqueles que (como diz e bem!) “lhes dão o dinheiro a ganhar”. Isto, como é facil de ver, com intuito de reduzir, futuramente, os salários dos empregados, devido à escassez de trabalho que provocarão, em Portugal!

Este fosso social, garantir-lhes-á a obtenção dum poder, de tal ordem absoluto, que fará aumentar drasticamente a sua riqueza, em detrimento da miséria e subserviência, duma maioria, que controlarão como quiserem e quando quiserem !

Enquanto não houver um ‘Estado’ (e já não falo de governo) que imponha através da lei, a ordem natural das coisas, garantindo os direitos adquiridos dos trabalhadores, este país regredirá 100 anos (no mínimo!)
Será isto?

Teresa Fidalgo disse...

Dedo Político,


Actualmente, (e custa-me muito dizer isto - fico até arrepiada) existem normas laborais mais fascistas que as próprias normas que vigoravam durante o antigo regime - só que agora chamam-lhes liberais... e ser liberal é, ao que parece, ser democrático, portanto não temos que nos queixar.
Hoje, os trabalhadores estão ainda menos protegidos: Dizem que tem que haver flexibilidade e essas coisas para a economia possa crescer e com isso retiram todos os direitos aos trabalhadores. E o problema é que as formas de luta, que eram poderosíssimas pós 25 de Abril, hoje já não servem de nada, ninguém liga nada porque há trabalhadores a mais para os postos de trabalho existente.
Estamos entregues à bicharada!